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TRAVESSIAS
do grupo Teatro Por Que Não?
apresentado no dia 03 de outubro no Mosaico 2014
Há uma grande
dificuldade em ser bom, praticar o bem e ser feliz? ? Ao assistirmos o
espetáculo “Travessias” do grupo teatral “Teatro por que não?” esses
questionamento vem à tona. A leveza da narrativa apresentada pela dupla de
atores, que reveza momentos lúdicos com momentos de extrema carga dramática,
leva a plateia a risos e reflexões.
O espetáculo
apresenta uma excelente possibilidade de reflexão das dificuldades do dia a dia.
É através dos dois personagens em cena e que nos mostram, através de uma
inocência (até infantil...), que existe uma dualidade, entre ser feliz, fazer o
bem e uma premente necessidade de sobrevivência.
O destaque
nesse espetáculo é a grande atuação dos dois atores que dão vida aos
personagens. Eles proporcionam ao espectador uma real percepção, e levam a
reflexão, sobre atitudes diárias e como é difícil, em muitos momentos, assumir
uma postura inversa aquela que, costumeiramente, temos em nossa vida. Um dos
momentos que mais me chamou a atenção foi o questionamento da personagem a seu
amigo, que propunha que a partir daquele momento eles seriam bons, “Para ser
bom, não posso mais roubar?”, um ato corriqueiro, do dia a dia, tinha que
deixar de ser realizado em detrimento a um novo modo de vida... isso é
difícil...
Acredito que o
espetáculo tem um grande valor e uma primazia na sua construção e
adaptação. Acredito também que, os
poucos elementos cênicos fazem o espectador viajar e construir no seu
imaginário o que os personagens propõem ao longo de sua atuação.
Percebemos na apresentação
que os atores, André Galarça e Aline Ribeiro, tem um entrosamento primordial
para prender a atenção do público. Cenas de interação com a platéia dão ao
espetáculo uma leveza e uma sensação, para o público presente, de que ele é um partícipe
do espetáculo e nessas cenas não há como não lembrar de fatos e brincadeiras e
possibilidades do dia a dia de cada um de nós.
Fazer o bem,
respeitar dogmas, seguir um caminho, esquecer tudo o que foi feito e a partir
de um momento abdicar de todas as certezas para seguir um novo preceito, são
possibilidade apresentadas. Todas elas nos fazem perceber que a felicidade
existe em pequenos momentos e que se apresenta em nossas vidas, muitas vezes,
em ocasiões nunca imaginadas e que para alguns não há como vislumbrar aquilo
como sendo felicidade.
A peça nos
apresenta uma possibilidade e nos traz uma dúvida. Nos provoca para reflexão de
quão somos bons, de como é difícil ser bom, tendo que esquecer nossos
procedimentos e atender a novas determinações.
Sem dúvida, um
espetáculo que provoca, que cumpre o seu papel de instigar a mente do público
que acompanha o desenrolar da ação. Acreditamos também, que é um espetáculo ainda
em construção, mas com atuação convincente, objetos cênicos que levam a uma
construção no imaginário do expectador.
Assistir
“Travessias” é um exercício de vivencia, de entendimento e um entretenimento de
grande valor e digno de muitos aplausos.
da Cia. Retalhos de Teatro
apresentado no dia 4 de outubro no Mosaico 2014
O espetáculo
“A Intrusa”, apresentado pela Cia Retalhos de Teatro, é uma daquelas peças que
impressiona e, literalmente, mexe com o expectador.
Os momentos
iniciais já demonstram o quem vem pela frente e é a luz, em tons de vermelho e
direcionada, um dos destaques do espetáculo. O clima é tenso e é potencializado
com a trilha sonora, os gestuais e movimentação dos atores em cena.
A iluminação dá
uma ambientação especial proporcionando ao público a sensação de estar na sala
da casa onde acontece toda encenação. É ela que faz do palco um lugar escuro,
as vezes úmido e fétido, aguçando o imaginário, realizando assim um exercício
para imaginação do expectador.
Em cena
presenciamos uma família em transe, uma matriarca alucinada e que, mesmo sem
poder sair de sua cadeira, ainda tem domínio total das pessoas de sua família.
Essa mesma família que está em um profundo estado de loucura e alucinação em um
local totalmente sombrio e misterioso.
Cada gesto,
cada fala, cada movimentação cênica, impressiona e nos remete a uma família em
profundo estado de loucura, uma família que parece ser isolada e que tem uma
vida própria sem contato com o mundo externo.
A caracterização
é forte, os diálogos são densos, sempre acompanhados de gritos e murmúrios. O
destaque em cena é a atriz Aline Ribeiro que interpreta a matriarca da família,
que mesmo sem poder se movimentar, tem o domínio dos seus familiares. Seus
gestos, sua expressão, sua caracterização, são fantásticos tornando-se destaque
no espetáculo.
É evidente a
sintonia dos atores nas suas interpretações e o espetáculo proporciona um
exercício de percepção e atenção, pois, em diversos momentos, todos atores
estão em cena e suas interpretações são distintas, necessitando uma
concentração intensa, o que acreditamos ser um grande trunfo do espetáculo,
qual seja, a necessidade de um grau de concentração grande para acompanhar tudo
o que se passa naquele período de tempo.
A montagem do
espetáculo “A Intrusa”, apresentada pela Cia Retalhos de Teatro, é carregada de
suspense e dramaticidade. Seus atores
demonstram uma capacidade dramática incrível e tornam a peça um espetáculo
denso, pesado e em alguns momentos assustador, sem demonstração nenhuma de
cenas ou representações, somente instigando o imaginário do público a
acompanhar o texto, ocasionando assim um verdadeiro transe imaginário.
Um espetáculo que assisti duas vezes e com
certeza assistirei mais algumas!!!
Josias da Costa Ribeiro
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